Fernando Seabra: “Não vejo o Bragantino na condição de azarão”
Em entrevista exclusiva ao 365Scores, técnico do time de Bragança fala sobre o bom começo no Brasileirão e elogia chegada de Ancelotti à Seleção

Aos 47 anos, Fernando Seabra vem aos poucos conquistando espaço entre a nova safra de treinadores do futebol brasileiro. Depois de trabalhos nas categorias de base e como assistente, teve seu primeiro desafio num time principal no Cruzeiro, no ano passado.
Acabou demitido depois de cinco meses, em meio a um desgaste com o vazamento de áudios em que Pedro Lourenço, dono da SAF do clube mineiro, cobrava a escalação de reforços que ele havia contratado.
Fernando Seabra acabou assumindo o Bragantino no fim de outubro, com a missão de livrar o time do rebaixamento. Conseguiu, e agora em 2025 colocou o time na parte de cima da tabela. O Massa Bruta chegou a liderar o Brasileirão – no momento é quarto colocado -, e na Copa do Brasil passou às oitavas com uma goleada retumbante de 6 a 0 sobre o Criciúma.
Em entrevista exclusiva ao 365Scores, Seabra relembra o processo para livrar o Bragantino do rebaixamento, garante que o time não é um “azarão” e deseja sorte a Carlo Ancelotti na seleção brasileira:
“Minha expectativa é a melhor possível em acompanhar e aprender”.
Você assumiu o Bragantino em outubro de 2024, encontrou o clube na 17ª colocação do Brasileirão, com a dura missão de fazer a equipe escapar do rebaixamento. Quando você chegou, qual era a situação internamente? Qual foi a maior dificuldade?
Faltavam sete rodadas para acabar o Brasileiro e a equipe vinha de uma sequência longa de jogos sem vitória, sem conseguir produzir todo o seu potencial. Acho que o principal ponto ali foi conversar com os jogadores, desafiá-los a ter a coragem de mesmo naquela situação perigosa, desconfortável, se desafiar a jogar o seu melhor jogo.
A gente não podia jogar cada jogo como se fosse o último. A gente teria que entender cada jogo como um processo e, independente do resultado, se fortalecer para o próximo. Foi um período de trabalho muito intensivo, que resultou numa evolução do jogo.
O Bragantino chegou a ter cinco vitórias no Brasileirão e liderar a competição. O que fazer para que as oscilações sejam as menores possíveis e a equipe consiga manter o ritmo forte até as rodadas finais?
As oscilações sempre vão acontecer num campeonato equilibrado e difícil como o Brasileiro. Precisamos trabalhar para ter um desempenho cada vez mais consistente para que a gente minimize essas oscilações tanto durante as partidas quanto nos resultados.
O Brasileiro tem várias dinâmicas, é um campeonato atravessado pelas copas Sul-Americana, Libertadores, Copa do Brasil, e isso traz uma característica peculiar. Ele muda a relação de forças, a configuração e o desempenho das equipes ao longo da própria temporada. A gente não consegue controlar isso, mas o que a gente consegue controlar é a forma como a gente trabalha.
Antes do começo do Brasileirão, poucas pessoas apontariam o Bragantino como um dos líderes e favoritos. É bom entrar nessa condição de “azarão”?
Eu acho que a gente não entra numa condição de azarão, porque a gente também não se enxerga dessa forma. Entramos com o objetivo claro de figurar na primeira página da tabela de classificação, estar sempre entre os dez. Com o desafio de fazer o melhor a cada jogo, entrar com a mentalidade de vencer a partida, seja contra qual equipe for e seja em qual circunstância.
Temos esse objetivo macro para o campeonato, mas a curto prazo nosso objetivo é sempre vencer o próximo jogo. Nesse começo de campeonato o que mais nos ajuda é que estamos jogando apenas o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil, enquanto outras equipes jogam essas duas competições mais uma sul-americana, o que dificulta demais a preparação para os jogos, a recuperação dos jogadores. Temos buscado aproveitar essa vantagem inicial para somar o maior número de pontos.

O Nabi Abi Chedid pode fazer falta? Que achou da nova casa do Bragantino, o Estádio Cícero de Souza Marques?
É claro que existe uma relação histórica, afetiva com o Nabi Abi Chedid, que sempre vai ser a casa principal do Bragantino. Ela vai ser preparada, toda reconstruída para se tornar uma arena de referência e nós vamos voltar a mandar os jogos lá daqui a alguns anos.
Mas o principal mesmo é termos um estádio funcional do ponto de vista do gramado, das instalações de vestiário, e que atenda bem ao público. Que permita o público se sentir bem e apoiar a equipe, independente de ser no Nabi ou no Cícero.
O que acha da chegada de Carlo Ancelotti para a seleção brasileira?
Espero que o Ancelotti tenha muito sucesso. Primeiro de tudo, que essa decisão que ele tomou se justifique, que ele se realize, que ele como treinador da seleção brasileira se sinta muito bem acolhido e que seja muito bem sucedido.
Independente de nacionalidade, é uma referência e acho que isso é o mais importante. A gente vai ter a oportunidade de ter no convívio do nosso futebol alguém com quem a gente pode aprender por tudo aquilo que viveu e realizou no mais alto nível no futebol europeu.
A minha expectativa é a melhor possível, tanto daquilo que ele vai poder produzir e construir na seleção brasileira, quanto da oportunidade de poder acompanhar e aprender, acompanhando esse processo que ele vai liderar, mesmo que eu acompanhe à distância.
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