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Filipe Toledo: “Minha saúde mental é minha maior vitória”

Bicampeão mundial de surfe fala sobre triunfo na etapa da Gold Coast e preocupação com tubarões em Margaret River

Depois de tirar um 2024 sabático para cuidar de sua saúde mental, Filipe Toledo retornou neste ano ao Circuito Mundial de Surfe mais leve. Mais relaxado. Garantindo não ter cobranças ou obrigações, o surfista brasileiro começou a temporada em ritmo mais devagar para os seus padrões de bicampeão mundial. Mas encontrou o prumo, acelerou e, com a vitória no último evento, na Gold Coast, com direito a nota 10, já subiu para sexto no ranking.

Os cinco primeiros se classificam para o WSL Finals, que decide o título mundial em setembro, nas Ilhas Fiji. Filipe Toledo, porém, não titubeia ao dizer o que ele escolheria se tivesse apenas uma opção: o tri mundial ou a saúde mental em dia?

Minha saúde mental. Sem pensar duas vezes. Ela é a minha maior vitória. Aprendi muito, a lidar com todo o tipo de situação”, disse ele, em entrevista coletiva virtual realizada na manhã desta quinta-feira – já noite para Filipe, que está em Margaret River, na Austrália, palco da sétima etapa. O campeonato deve começar no próximo dia 17.

Na janelinha do bonde andando

Filipe analisou todo o processo para vencer os títulos mundiais em 2022 e 2023, que acabaram o levando à exaustão mental, e a dificuldade em retornar ao modo competitivo.

“Vim de dois anos de muita porrada para conquistar os títulos. Parei em 2024 e a galera continuou. É muito difícil pegar o bonde andando e sentar na janelinha. Ainda estou me encontrando”.

“Tinha até a falta de confiança mesmo. É a mente querendo te levar para o pior lado. Mas continuo relaxado, tranquilo. Sinto que não tenho obrigação nenhuma de provar nada para ninguém.
Vencer uma etapa já foi uma vitória muito grande. Se vier o Finals, ótimo. Título? Cereja do bolo”.

Surfista Filipe Toledo realiza manobra em Margaret River
Filipe Toledo realiza manobra em Margaret River – Foto: Cait Miers/World Surf League

A vitória na etapa anterior deixou Filipe em uma situação confortável especialmente ao se analisar o que vem pela frente no calendário do circuito: Margaret River, Trestles (EUA), Saquarema (Brasil) e Jeffreys Bay (África do Sul). O brasileiro já venceu todas essas etapas, e muitas delas com resultados expressivos, dominantes.

“Para ser sincero, eu nem tinha pensado nas próximas etapas. Estava no aqui e agora. Mas parando para pensar, são eventos em que tive ótimos resultados. Fico amarradão de saber que Trestles está vindo, J-Bay. No Brasil, me lesionei na última vez que competi, então quero apagar aquilo da memória”.

Preocupação com tubarões

Em Margaret River, Filipe precisa lidar com outro tipo de “adversário”. O local, no Oeste australiano, é conhecido pela presença de tubarões brancos. Baterias já foram paralisadas pela presença do animal, constantemente avistado pelos surfistas.

“São peixes grandes, peixes grandes!”, brincou Filipe na entrevista. “Hoje mesmo eu já vi um vulto grande. Peguei mais umas duas ondas e logo saí. Nem em J-Bay (África do Sul, local também famoso pela presença de tubarões) eu fico tão preocupado”.

“Mas é a casa deles, não tem o que fazer. Mas não tem como não se preocupar”, completou.

Renato de Alexandrino

Editor-chefe do 365Scores. Jornalista formado na PUC-RS, com mais de 30 anos de experiência em redações. Cobriu in loco as Copas do Mundo de 2010, 2014 e 2018, e as Olimpíadas de 2016. Apaixonado por futebol, surfe e NBA, entre outros esportes.

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