Saiba o que pode acontecer com Bobadilla, do São Paulo, após acusação de xenofobia

Acusado de xenofobia pelo lateral do Talleres Miguel Navarro, Damián Bobadilla, do São Paulo, pode ser suspenso de competições organizadas pela Conmebol. O atleta teria chamado o adversário de ‘venezuelano morto de fome’, o que configura o crime.
Após o jogo, o lateral venezuelano registrou boletim de ocorrência ainda dentro do estádio do Morumbis. Já o volante do São Paulo deixou o local antes de prestar esclarecimentos para a polícia e ainda não se pronunciou sobre o ocorrido.
Além da denúncia feita pelo jogador, Nahuel Bustos e Marcos Portillo, atletas do Talleres, prestaram depoimento como testemunhas. O árbitro Piero Maza Gomez, do Chile, também foi ouvido pelos policiais. A súmula da partida não tem registros sobre o ocorrido.
O Código Disciplinar da Conmebol, é claro no artigo 15.1, que diz respeito a punição por atitude que “menospreze, discrimine ou atente contra a dignidade humana de outra pessoa, ou grupo de pessoas por motivos de cor da pele, raça, religião, origem étnica, gênero ou orientação sexual”.
Por isso, o jogador do São Paulo pode ser suspenso por até quatro meses, assim como aconteceu com o Pablo Ceppeline, atleta do Alianza Lima, que cometeu ato xenofóbico contra um torcedor do Boca Juniors, ainda na pré-Libertadores. Na ocasião, o uruguaio teria chamado pejorativamente o outro de ‘boliviano’.
Segundo o jornalista Felipe Ruiz, Bobadilla deve se apresentar nesta quarta-feira (28) no DRADE, Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva para prestar esclarecimentos.
Questionada, a assessoria do São Paulo disse estar aguardando os próximos passos para se posicionar a respeito. Já a Conmebol ainda não se manifestou.
Em contato com o 365Scores, a assessoria do Talleres disse que todos os jogadores já haviam falado o que era necessário ontem e que está esperando a resposta da Conmebol sobre o ocorrido. Ainda ontem, a equipe publicou uma nota de repúdio ao caso nas redes sociais.
“Nos solidarizamos profundamente com Miguel e com sua família neste momento. Como instituição, levantamos a voz contra qualquer forma de discriminação. Não há lugar para o ódio no futebol”.
“O futebol é uma ferramenta de integração, respeito e união entre as culturas. Seguiremos trabalhando para que esses valores prevaleçam dentro e fora do gramado. Miguel, estamos orgulhosos de você suas origens. Todos do Talleres estão com você”, escreveu o clube.
Navarro fala após o final do jogo
Após o apito final, inicialmente, Navarro se recusou a falar sobre o ocorrido, mas depois de registrar o boletim de ocorrência falou com os jornalistas na zona mista. O atleta revelou o seguinte:
“Quando eles [São Paulo] fazem 2 a 1, eu mando o árbitro voltar rápido, porque ele [Luciano] estava praticamente correndo ao redor do campo e eu mandei o árbitro chamar porque a gente precisava jogar. E do nada, Bobadilla vem e me diz: ‘Não, vocês sempre tomam tempo’. E eu digo: ‘Que tempo, vocês estão ganhando’. E aí ele me disse: ‘Venezuelano morto de fome'”, disse.
“O árbitro estava dizendo que não tinha ouvido o que Bobadilla tinha dito porque acho que ele estava um pouco distante. Conversei um pouco (com Ferraresi), ele me perguntou como eu estava, como eu me sentia. E bem, eu disse a ele que realmente me sentia muito mal, me sinto muito mal. Ele ficou do meu lado, até os jogadores do São Paulo, o zagueiro equatoriano, Arboleda, ele ficou do meu lado e tudo, realmente porque eles sabiam o que Bobadilla tinha dito”, seguiu.
“Que a justiça seja feita, que isso não continue acontecendo”, concluiu Navarro. “Lembro-me do ano passado, quando viemos para cá, dois dos nossos jogadores foram colocados na polícia e é um escândalo quando uma equipe brasileira passa por algum tipo de insulto e agora aconteceu comigo, é a primeira vez na minha vida que isso acontece, e é lamentável”, completou.
Torcida pressiona posicionamento
Após o ocorrido, parte da torcida do São Paulo se posicionou nas redes sociais. Nas últimas publicações do clube nas redes sociais, muitos torcedores pediam a rescisão contratual do volante Bobadilla. Além de um posicionamento firme do clube sobre a denúncia.
Principal organizada do São Paulo, a Torcida Independente publicou uma nota sobre o ocorrido e disse que irá esperar mais fatos e evidências.
“O futebol é jogador se provocando e xingando o tempo todo. Não podemos ser hipócritas quanto a isso. Tal qual fazem as torcidas rivais. Agora, quando o assunto vira xenofobia, racismo ou FOME de um povo sofrido, aí muda totalmente de figura”, escreveu a Independente nas redes sociais.
“Se de fato ocorreu, cabe, além da punição, uma lição ao Bobadilla. O Paraguai tem 20% da população em zona de pobreza, sendo boa parte pobreza extrema. São 700 mil famintos paraguaios. E a fome está no Brasil, Argentina, Uruguai e todos os países da América do Sul. Não podemos permitir nem tolerar ofensas com o sofrimento alheio, até porque, passamos a mesma realidade na nossa terra”, completou.
Entenda o caso
Aos 41 minutos, após o São Paulo marcar o segundo gol da partida, Navarro e Bobadilla se envolveram em uma confusão. Durante a discussão, o paraguaio teria chamado o adversário de ‘morto de fome’. A situação abalou o atleta venezuelano, que começou a chorar dentro de campo e ameaçou abandonar a partida, mas foi convencido a permanecer e terminar o jogo.
Ao deixar o campo, Navarro se recusou a dizer o que tinha acontecido, no entanto, registrou boletim de ocorrência ainda dentro do estádio e depois revelou com detalhes o ocorrido.
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